Equipe encontra, em MG, roedor com 11 cm de uma nova espécie.
A descoberta de um novo gênero de mamífero em Minas Gerais chamou a atenção da comunidade científica e mereceu matéria recente na revista especializada norte-americana Journal of MaMMAlogy. Trata-se de um roedor que vive num dos cenários mais instigantes do estado, o Parque Nacional Sempre-Vivas, na Serra do Espinhaço. Denominado Calassomys apicalis (ou rato-do-rabo-branco), o animal tem apenas 11cm de corpo, acompanhado de uma longa cauda de 15cm e quase um terço dela totalmente branco.

Em 2006, ele foi avistado por um grupo de pesquisadores da Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais (PUC-Minas), mas seu reconhecimento oficial se deu no mês passado, depois de longos estudos conduzidos por alguns cientistas. À frente do grupo de 2006, estava a professora e bióloga Tudy Câmara, atualmente diretora da empresa Bicho do Mato Meio Ambiente.

Durante os estudos feitos com o desconhecido ratinho, os cientistas descobriram que se tratava não apenas de uma nova espécie, mas também de um novo gênero a ser descrito na taxonomia animal. Em 2012, a Lista anotada de mamíferos brasileiros relatou a ocorrência de 701 espécies, distribuídas em 243 gêneros. O trabalho publicado agora acrescenta outro gênero no país, elevando esse último número para 244, um feito muito mais raro do que a inclusão de espécies.

Os últimos gêneros de roedores descritos no Brasil foram o Abrawayaomys ruschii (1979) e o Drymoreomys albimaculatus (2011), endêmicos da Mata Atlântica; e o Juscelinomys candango (1965) e o Microakodontomys transitorius (1993), típicos do Cerrado. Sendo assim, nos últimos 100 anos, o Calassomys apicalis é o terceiro gênero descrito para o Cerrado. O nome dado a essa descoberta é uma homenagem da professora Tudy Câmara a seu pai, Antônio Calaça.

Fotografia
"A descoberta de Calassomys apicalis é um exemplo de como não conhecemos a Fauna do nosso Cerrado, de como sabemos pouco sobre o número de espécies de mamíferos que existem no Brasil, um país de megadiversidade em Fauna. Sem esse conhecimento básico, corremos o risco de nunca chegarmos a compreender mecanismos ecológicos e evolutivos importantes que motivaram tamanha riqueza de espécies de mamíferos na América do Sul", explica Câmara, acrescentando que contou com a colaboração de biólogos do Museu de Ciências Naturais PUC-Minas e de muitos alunos nas campanhas de campo feitas por cerca de três anos.

O fotógrafo de natureza Roberto Murta acompanhou as expedições e foi o responsável pelo acervo de imagens dos exemplares. "Como trabalho com paisagens e animais, precisava ter acesso a vários locais, alguns fechados ao público. Então, resolvi fazer parcerias com pesquisadores, e o grupo da PUC foi um deles. Nessa ocasião, demos sorte de nos depararmos com esse achado fantástico. Mesmo que o terreno objeto da pesquisa seja imenso, o rato-do-rabo-branco é presente somente num território bem menor", conta Murta.
O Parque Sempre-Vivas é formado por cerca de 121 mil hectares, mas a nova espécie só foi encontrada em uma área de aproximadamente mil hectares.


Variedade de espécies
O Parque Nacional Sempre-Vivas tem 121 mil hectares e está situado em uma região rica em água, que se caracteriza pela existência de matas de galeria e campos de altitude, na Serra do Espinhaço. Seu nome se refere às variadas espécies de sempre-vivas, pequenas flores típicas só encontradas nessa região. Entre os mamíferos, há a ocorrência da onça-pintada e da onça-parda. Entre as aves, observa-se a presença da arara-vermelha-grande e da arara-canindé. Também há jaguatirica, lobo-guará, tamanduá-bandeira, tatu-canastra, catitu, lontra e veado-campeiro, entre outros.


Foto: divulgada pela equipe de pesquisadores através do Jornal Estado de Minas
Fonte: http://ow.ly/yI3Lt
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