Defendendo de maneira exclusiva a denominação de Cordilheira Brasileira, a Serra do Espinhaço começa agora, 300 anos depois dos primeiros relatos de naturalistas europeus, a ser foco de atenção e cuidado em todo o mundo. Foi justamente de um alemão, o geólogo Ludwig von Eschwege, que ela recebeu este nome, numa referência explícita a sua pequena variação longitudinal. Uma espinha, uma linha quase reta, apontando Norte-Sul, Minas-Bahia, Ouro Branco-Xique-xique, conservando ao longo de seus mais de 1000 km características semelhantes e absolutamente singulares. Uma ode ao endemismo, espécies únicas de um só lugar, e também um universo plural, repleto de diversidades e imponência.

Para quem se inicia no assunto, a Serra do Espinhaço pode ser melhor entendida por suas partes. Serra do Cipó, Chapada Diamantina, Serra dos Cristais, Serra de Ouro Branco, Serra Geral são alguns de seus trechos popularmente conhecidos. Sim, o Espinhaço são todas estas montanhas, serras, montes, vales reunidos por um mesmo motivo natal: dobramentos geológicos acontecidos no final do período proterozóico, ou seja há mais de 2,5 bilhões de anos.

Hoje todo este conteúdo acadêmico resultou numa das mais belas paisagens do planeta Terra. São cachoeiras, rios, cânions, lagos e pequenos riachos distribuindo, dividindo e abastecendo mais de 50 milhões pessoas em todo o território brasileiro. E é exatamente por conta desta importância que nossos olhares devem estar ainda mais atentos para os eminentes riscos que a Serra do Espinhaço esta sujeita. Superpopulação, mineração predatória, monoculturas e extração ilegal de plantas e animais despontam no pior cenário. Este site é o esforço daqueles que respiram e se inspiram nas escarpas desta cordilheira. Por sua preservação, pelo cuidado com seus povos e sua história, e para que esta seja sempre a mágica e singular Cordilheira do Brasil.



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Lobo Guará
Considerado o maior canídeo da América do Sul, o Lobo Guará (Chrysocyon brachyurus) é encontrado nas regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste do Brasil. O animal caracteriza-se pela cor laranja-avermelhada com pernas e focinhos negros, pêlos longos, cabeça pequena, orelhas grandes e focinho afilado. Suas pernas significativamente compridas lhe conferem elegância e o diferenciam dos demais lobos. Seu habitat natural compõe-se de lugares com intensidade de vegetação natural, campos próximos a baixadas e capoeirões ou matas arbustivas. Sua alimentação é feita a base de pequenos mamíferos, roedores e aves, mas principalmente plantas, e aves, mas principalmente plantas, sendo sua preferida a lobeira (Solanum lycocarpum) , atuando para essa, como importante dispersor de sementes. Possuí hábitos noturnos, solitários, unindo-se apenas em casais durante a época de reprodução. A espécie, nos dias de hoje, sofre forte ameaça de extinção, sendo as principais causas atropelamentos, expansão agrícola e doenças transmitidas por cães domésticos. Com um pouco de sorte e olhar atento turistas podem conhecer este fantástico animal que visita ocasionalmente o pátio do Santuário do Caraça (entre Catas Altas e Santa Bárbara) ou ainda percorrendo as trilhas do Espinhaço durante a noite. A sensação de escutar seu uivo característico permanece marcante naqueles que o já vivenciaram.

Imagem: Leonardo Costa
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Ipê
Num caminho encantado a própria natureza parece contar a história de suas curvas. O Ipê-amarelo ou Tabebuia ochraceacom copa arredondada, flores grandes, tubulosas e amarelas encanta com seu reluzir ao sol e remete ao viajante mais atento a história das primeiras trilhas da Serra do Espinhaço, onde circulou em outros tempos o ouro da Comarca do Serro Frio.

A espécie, ocorrente preponderante do Cerrado, pode ser encontrada em diversos estados Brasileiros como Amapá, Bahia, Goiás, Mato Grosso, Minas Gerais e outros. Trata-se de uma árvore não muito alta, medindo até 10 metros, de casca grossa e ramos tortuosos. O brilho amarelo pode ser observado durante os meses de agosto e setembro e seus frutos, alguns chegando a 25 centimetros, aparecem no período de outubro a dezembro. A propagação da espécie é feita por intermédio do vento, mas sua taxa de germinação é considerada baixa.

O Ipê-amarelo, por sua exuberância, é utilizado muitas vezes como enfeite, a madeira é aproveitada para a construção civil e sua casca possui propriedades diuréticas.

Imagem: Chico do Vale
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Dominguinhos da Pedra
Não raro, viajantes do Caminho dos Diamantes relatam um encontro inusitado com um senhor magro, trajando-se como um mendigo e carregando gravetos e toras de madeira. A vista causa estranheza e desconforto pois o velho passeia numa das regiões mais inóspitas do caminho, na paisagem privilegiada pelo Vale do Travessão e pelas montanhas da serra do Espinhaço no Parque Nacional da Serra do Cipó, a 1.300 metros de altitude.

Morando há 40 anos dentro de cavernas e lapas, o eremita Dominguinhos da Pedra conseguiu a proeza de se tornar um mito legítimo ainda em vida. Foi objeto de pesquisas antropológicas, assunto de reportagens e tema de filme. Tem hábitos excêntricos como jamais aceitar qualquer presente, e decretar posse daquilo que utiliza mesmo que tenha sido emprestado. Com a fama passou a receber admiradores na pequena lapa onde mora, a cerca de 30 metros do trecho da Estrada Real entre Itambé do Mato Dentro e Morro do Pilar.

Da fala quase indecifrável e ininterrupta às canções tristes entoadas no violão, quase sempre com apenas quatro cordas, o também chamado Homem de Itambé tem na história de uma desilusão amorosa o motivo de sua trajetória de vida atípica. Contam que ainda novo ele se apaixonou por uma moça rica da cidade, o pai dela, um coronel da região, disse-lhe que somente cederia a mão de sua filha para um homem também rico que pudesse aumentar o patrimônio de sua família. Dominguinhos mudou-se pra São Paulo e ajuntou dinheiro suficiente para atender a exigência do futuro sogro. Na volta a Itambé encontrou sua pretendente casada com outro.

Uma outra corrente diz que seu Dominguinhos tornou-se eremita para fugir de dívidas que havia feito na cidade. Independente do motivo a vida surpreendente deste homem confere-lhe status de lenda, e cada turista que tiver a possibilidade de encontrá-lo num dos trechos mais cênicos do Espinhaço vai sentir um pouco mais da magia que envolve esta estrada.

- Seu Dominguinhos da Pedra faleceu no início deste ano em Itabira.

Imagem: Roneijober Andrade
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