21º dia da Expedição Espinhaço Ponta a Ponta de Bicicleta, Fabiano Zig
Trecho: Serra do Esbarrancado, Guiné, Vale do Capão e Chapada Diamantina

Na Serra do Bastião, mais um dos nomes da Serra do Espinhaço, eu de longe vi as montanhas do Parque Nacional da Chapada Diamantina e não contive a emoção e chorei. Um choro de emoção e alegria, pois estava chegando num lugar que eu considero a minha casa, o Vale do Capão.
A tarde estava tão linda que eu preferi passar a noite numa casa abandonada e ficar admirando a Serra de longe com todas as suas cores. No outro dia bem cedinho, levantei acampamento e por motivos de força maior (lê-se piriri) eu acabei ficando sem água. Foi a primeira e única vez que fiquei sem água e te digo uma coisa: ficar sem comida a gente até aguenta, mas ficar sem água você fica louco.
Pedalei por uns 30 quilômetros e nada de água, mesmo a paisagem ser linda, a sede estava tirando o meu deslumbramento, até que encontrei um grupo de trabalhadores rural que me deram água para beber. Foi a melhor bebida de toda a minha vida, limpa, pura, cristalina e gelada, aquela água foi uma das melhores coisas da Expedição, acredite! Agora abastecido, eu quase chegando em Mucugê e assim me sentindo em casa já.
Agora eu me encontrava no caminho da "roça", eu morei por muitos anos da Chapada Diamantina e estar ali naquela estrada que liga a BR_Guiné_Palmeiras era como estar na rua de casa mesmo. As montanhas do Parque Nacional ao meu lado direito me acompanhando pelos 60 km até a cidade de palmeiras é um espetáculo. A serra que forma o Parque Nacional tem o nome de Serra do Sincorá, porém esta parte do ocidental do Parque recebe o nome de Serra do Esbarrancado, no povoado de Guiné, onde meu amigo de outras trilhas, Neinho, me cedeu o seu quintal para a minha barraca e digo mais o "café" do Guiné é especial.
Nesse ponto o meu coração estava batendo mais forte, estar em casa depois de tanto tempo longe (estava morando em São Paulo) e de tanta pedalada era emocionante. Juntar a Expedição com a visita de um lugar que considero minha casa foi outro ponto alto da viagem e nesse dia eu não chorei, mas sorri muito e agradeci ao Cosmos por tudo que eu recebi até aquele momento.

Fabiano Zig

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