20º dia da Expedição Espinhaço Ponta a Ponta de Bicicleta, Fabiano Zig
Trecho: Abaíra e Brejo de Cima e Serra do Bastião

Acordei cedo na cidade de Rio de Contas, me despedi de um amigo canino, o Melke e segui para a cidade de Abaíra, cidade essa que tem a cachaça como patrimônio. Pedalei pela a BR 148 em direção a Jussiape, nesse trecho a BR está pavimentada e o fluxo de carros é bem pequeno, então deu para fluir bem. Porém, depois de Jussíape a estrada está em obras.

O Espinhaço assiste toda essa transformação lá de cima, diferente de Dona Toca e sua filha Maria que senti na pele o "desenvolvimento". Ela me disse: "Minha vida inteirinha eu peguei Jambo, hoje pela manhã a máquina a derrubou em dois tempos e não tenho mais o Jambeiro que esteve comigo durante os meus 84 anos".

Desde Minas Gerais e agora entrando pela Bahia, o entorno da Serra do Espinhaço tem sofrido muito com as mineradoras, com o desenvolvimento insustentável e com a agroindústria.Isso demonstra a riqueza que existe nessa cordilheira e a extrema necessidade de preservá-la. Até chegar a Abaíra eu presenciei muitos caminhos da empreiteira circulando, as obras estão indo a "todo vapor", três turnos diários, inclusive nos domingos. Cheguei a meu destino no final de tarde, arrumei uma hospedaria bem simples e a noite não pude deixar de provar da melhor cachaça da região que leva o nome da própria cidade, Abaíra. Para se ter a noção de quão importante é o destilado para a cidade, em sua praça principal há uma escultura de uma réplica da "danada" gigantesca!

Hora de partir e pegar a reta final para a região do Parque Nacional da Chapada Diamantina. O dia amanheceu bem quente, sol de sertão mesmo e eu e a Jack encaramos uma subida bem íngreme até o povoado de Brejo de Cima. Foi muito interessante encontrar duas moças de sombrinhas coloridas em pleno sertão. As cores das sombrinhas e a timidez delas me proporcionaram um misto de sentimentos, pois tudo ficou paradoxal, o contraste da paisagem seca com as cores das sombrinhas.

Parei em Brejo de Cima para me abastecer e descansar, a subida tinha sido bem dura e muito quente. Procurei um lugar para comer e o único bar que estava aberto só tinha caldo de mocotó. Então surgiu a seguite equação: sertão + sol + subida + calor + cansaço + fome + mocotó = Zig feliz, cai pra dentro do mocotó, demorei umas duas horas para me recuperar e segui em frente na Serra do Bastião, há poucos quilômetros do Parque Nacional da Chapada Diamantina.

Fabiano Zig

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