Histórias do Projeto Mulheres Sempre Vivas se transformam em livro "Um povo sem memória é um povo mudo". Recitando esse mantra durante conversas, reuniões e cafés o fotógrafo Thiago Almeida e a pesquisadora Marina Moss partiram, em março deste ano, para as serras de Minas Gerais com uma câmera nas mãos e uma idéia na cabeça: Documentar as histórias de vida, memórias e paisagens do cotidiano das mulheres que habitam a Serra do Espinhaço em Minas Gerais. Colhedoras de chá preto da Índia, garimpeiras, lenheiras, carvoeiras, parteiras e guardiãs de heranças tradicionais da cultura afro brasileira. Mulheres, em sua maioria netas de negros escravizados no século XlX. O objetivo do projeto é construir um livro documental sobre uma geração em acelerado e irreversível processo de desaparecimento; como evidencia Marina Moss, pesquisadora da Serra do Espinhaço e especialista em estudos da paisagem: "As mulheres entrevistadas pelo projeto guardam memórias de um tempo distante, eu diria até que superado pelas gerações atuais. Estamos falando de mulheres que conviveram com os resquícios diretos da herança maldita dos tempos da escravidão. Mulheres que tiveram filhos por intermédio de parteiras, que conheceram a luz elétrica na última década. Elas são importantes, pois estão vivas e guardam na memória parte de um Brasil (negligenciado) do século XX", declarou. Longe dos grandes centros, esquecidas pelo poder público, ausentadas da história oficial. Mulheres que moldaram com as próprias mãos a superação de um destino de sofrimento e dor. Imprimiram na paisagem com lágrimas e suor, a cor, traçado e o contraste de um cotidiano de resistência. O projeto Mulheres Sempre Vivas começou em novembro de 2013 com o reconhecimento de campo e identificação das personagens. Agora, em março de 2014, os documentaristas retornaram a campo a fim de aprofundar a pesquisa, coletar novos dados e produzir registros fotográficos, como explica o jornalista e fotógrafo Thiago Almeida: "Nesse segundo campo visitamos nove distritos/cidades e entrevistamos mais de dez mulheres. Voltamos com dezenas de horas de gravações de áudio, milhares de fotos e vídeos", afirmou. Até o momento os pesquisadores do Projeto Mulheres Sempre Vivas trabalharam unicamente com recursos próprios. Todavia, pelos próximos meses os pesquisadores pretendem se concentrar no processo de captação de patrocínios, apoiadores e divulgação junto à comunidade local. Sites de financiamentos coletivos e produções colaborativas são responsáveis anualmente pela realização de milhares de projetos que contam histórias, emocionam, geram valor e visibilidade para minorias. Outrora, silenciados pelos valores elevados e impasses técnicos das produções convencionais. Contar histórias únicas e documentar parte da memória recente do Brasil: Esse é o desafio do Projeto Sempre Vivas, como destaca Marina Moss: "Acreditamos que o Brasil precisa conhecer a história dessas mulheres, mais ainda, as crianças e as gerações que ainda estão por vir, pois o cotidiano de ontem de algumas é o presente, concreto, de muitos". Como relatou a Dona Lídia, 88 anos, Mulher Sempre Viva: "No frio de madrugada, quando caminhava pra lavoura do chá, e tava aquela lua clara, e nós cantava assim com as companheiras: Cai sereno cai sereno deixa cair sereno da madrugada não deixou ninguém dormir..." O projeto Mulheres Sempre Vivas carrega, portanto, uma dupla missão: Dar voz às mulheres da Serra do Espinhaço que estão à margem da história oficial, e transmitir, às gerações futuras; as memórias daquelas que com trabalho e determinação, abriram as trilhas por onde agora caminhamos. Confira a página do Projeto Mulheres Sempre Vivas no Facebook: http://ow.ly/w5waS Mais Notícias
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